Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Proudhon [4]

por Gaston Leval

Dissemos que Proudhon não foi o autor do projeto que acabamos de reproduzir, assim como também não foi o autor daquele concernindo o Sindicato Geral do Consumo.

Mas esses projetos devem ser considerados como fazendo parte do proudhonismo que eles dão continuidade, no estudo intitulado Banco do Povo, na exposição geral que o precede, e do qual Proudhon é o autor.

As estreitas relações entre Jules Lechevalier e Proudhon, e os trabalhos do grupo de estudos proudhoniano, onde esses projetos foram elaborados, confirmam essa opinião.

O pensamento de Proudhon era bem mais plástico e rico, não apenas de conteúdo concreto, como também de possibilidades, que podem supor tais ou quais intérpretes, e somos obrigados a repetir que aqueles que não vêem nesse pensamento senão uma defesa do artesanato generalizado estão nos antípodas da verdade.

As citações que lemos há pouco provam. Poderíamos escolher muitas outras, igualmente probatórias.

Assim, esta, tomada de Idée générale de la Révolution ao XIX siècle, Proudhon responde àqueles de seus adversários que criticam suas concepções anarquistas, e dá da anarquia definições que a imensa maioria daqueles que reivindicam seu pensamento deveria conservar:

“Fazer anarquia pura:

isso lhes parece inconcebível, ridículo, é um complô contra a república e a nacionalidade. ‘Eh! O que põem no lugar do governo’, exclamam, ‘esses que falam de suprimi-lo?’

Não encontramos nenhuma dificuldade para responder, O que colocamos no lugar do governo já o dissemos:

é a organização industrial.

O que colocamos no lugar das leis, são os contratos. Nenhuma lei votada, nem pela maioria, nem por unanimidade; cada cidadão, cada comuna ou corporação faz a sua. (4)

O que colocamos no lugar dos poderes políticos, são as organizações econômicas. O que colocamos no lugar das antigas classes de cidadãos, nobreza e plebeidade, burguesia e proletariado são as categorias e especialidades de função, Agricultura, Indústria, Comércio, etc.

O que colocamos no lugar dos exércitos permanentes, são as companhias industriais.

O que colocamos no lugar da polícia, é a identidade dos interesses.

O que colocamos no lugar da centralização política, é a centralização econômica”.

Poderíamos reproduzir muitos outros textos desse gênero, que são definições de princípio, assaz precisas para que se acuse o socialista e an-arquista Proudhon de falta de espírito construtivo de caráter igualmente socialista e an-arquista.

Se ele ficou nas linhas gerais, estas eram bastante claras para prolongar. Desenvolvendo os caminhos rumo aos quais se buscava o engajamento.

E o que ele não fazia, pedia a outros para faze-lo. Neste sentido, os dois projetos de Sindicatos, que se põem de acordo também com a posição claramente inimiga da violência revolucionária que sempre foi a sua, são, teoricamente, exemplos de aplicação de idéias proudhonianas.

notas:

(4) – A revolução espanhola mostrou-nos o caminho com relação a esse assunto.

No lugar de leis e dos contratos, coloquem as resoluções industriais e interindustriais, os acordos dos organismos econômicos industriais e agrícolas, resoluções e acordos modificando-se seguindo as necessidades dinâmicas da vida social – e o aparelho legislativo, criação do Estado, torna-se inútil e ultrapassado, como o próprio Estado.

fonte:

Este texto foi retirado do Livro Autogestão e Anarquismo”, escrito por Gaston Leval (Concepções construtivas do Socialismo Libertário), Ed. Imaginário.

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