por Daniel Colson*
Como a maioria dos outros teóricos do anarquismo (Godwin, Coeuderoy, Dejacque ou Bakunin, por exemplo), Proudhon não escapa do desprezo ligado à aparente excentricidade de suas idéias — mas também a modos de agir e de situar-se no mundo — despreocupadas com as formas e convenções capazes de mascarar sua originalidade.
No entanto, a esse descrédito comum, Proudhon acrescenta uma má e estranha reputação (devida sem dúvida à importância e ao caráter durante muito tempo enigmático de sua obra) que não apenas reforça as razões para não lê-lo, mas principalmente para dizer ou repetir despropósitos a seu respeito.
Por exemplo, e para citar somente o lugar comum mais extravagante, que ele seria “o pai do anti-semitismo moderno”.[1].
Entretanto, o interesse contraditório e, por um longo período, inconcluso por seus escritos — de Elie Havély a Georges Gurvitch, passando por Leon Brunschvicg ou o durkeiniano Célestin Bouglé e o inclassificável Georges Sorel — basta para mostrar a força e a importância de uma filosofia que apenas o ressurgimento libertário destes últimos anos, e a aparição de um pensamento contemporâneo dito “pós-moderno”, finalmente tornou perceptíveis.
segue...
* Professor de Sociologia na universidade de Saint-Étienne, membro da livraria libertária La Gryffe de Lyon, autor de Petit lexique philosophique de l’anarchisme.De Proudhon a Deleuze. Paris, ed. Le Livre de Poche, 2001 e Trois essais de philosophie anarchiste, Islam, Histoire et Monadologie. Paris, ed. Léo Scheer, 2004.
** Revista verve, nº. 9: PUC/ São Paulo, págs. 23-29, 2006
nota:
1 - Pierre Birnbaum, Le Monde, de 18 de janeiro de 1987; Roger Pol-Droit, Le Monde de 12 de setembro de 2003, etc.
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