Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

a filiação de proudhon [02]

por Daniel Colson*

As ondas Proudhon

Embora seja certo que ele recusaria tal distinção, a importância de Proudhon é de duas ordens. Ela é em primeiro lugar histórica e política. De fato, é impossível compreender o que quer que seja sobre a natureza e significação dos movimentos revolucionários ocorridos a partir da segunda metade do século XIX sem conhecer a obra de Proudhon.

Uma obra que esteve em parte na origem desses movimentos, mas que é, sobretudo, expressão e fonte de inspiração para a riqueza, diversidade e originalidade de sua realidade e significação emancipadoras.

Durante mais de setenta e cinco anos (quatro gerações operárias), desde a fundação da 1ª Internacional, em Londres em 1865, até o fim da revolução espanhola em 1939, o conjunto de países em vias de industrialização foi atravessado por surpreendentes movimentos operários e revolucionários, mas freqüentemente ignorados, duplamente massacrados, tanto em sua realidade quanto em sua lembrança, pelas ulteriores configurações do comunismo marxista.

A influência de Proudhon passa por múltiplas ondas e histórias diferentes, que se recobrem e se reforçam mesmo quando são muito diversas. Temos por exemplo, os movimentos cooperativos — esse ramo duradouro, mas negligenciado do movimento operário internacional.

Ou ainda a 1ª Internacional (AIT), uma primeira vez, com as posições moderadas dos “proudhonianos” de estrita observância (os “mutualistas”), e depois, contra os primeiros, através da radicalidade revolucionária dos partidários de Bakunin, que conviveu regularmente com Proudhon (durante os anos 1840), e que o lera com paixão, antes de se apropriar dele e de retomá-lo de outra forma.

Outro exemplo é a Espanha.

Inicialmente o proudhonianismo aí se difunde não entre os operários, mas na pequena burguesia dos meios republicanos e federalistas, em especial com as traduções e os escritos de Pi y Margal, ministro da efêmera república de 1871, mas também inspirador mais ou menos direto dos levantes cantonalistas dos anos 1860.

Esse primeiro proudhonianismo encontra-se e é recoberto por uma segunda onda, desta vez estrita e massivamente operária, através do duplo acontecimento que foi o eco da Comuna de Paris e a ligação duradoura das principais forças operárias com o anarquismo de Bakunin.

segue...

* Professor de Sociologia na universidade de Saint-Étienne, membro da livraria libertária La Gryffe de Lyon, autor de Petit lexique philosophique de l’anarchisme.De Proudhon a Deleuze. Paris, ed. Le Livre de Poche, 2001 e Trois essais de philosophie anarchiste, Islam, Histoire et Monadologie. Paris, ed. Léo Scheer, 2004.

** Revista verve, nº. 9: PUC/ São Paulo, págs. 23-29, 2006

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