Proudhon [1]
por Gaston Leval
Começaremos por Proudhon, o “pai da anarquia”, como dizia Kropotkin num célebre processo. Aqueles que o leram, realmente leram, sabem que a “solução do problema social” foi uma de suas maiores preocupações.
Isso provocou nele dois tipos de escritos, fragmentários ou não. Nos primeiros, Proudhon exortava os trabalhadores e os outros socialistas a se preocupar seriamente com o como da revolução. Nos segundos, esforçava-se para deitar as bases da reconstrução, e preconizava as medidas práticas a tomar em pleno período revolucionário, se a revolução acontecesse.(1)
Antes de tudo, Proudhon afirma várias vezes que seu socialismo é construtivo. Seu lema freqüentemente repetido é:
Destruam et aedificabo! Ele proclama:
“Sim, sou socialista, mas socialista com premeditação e consciência, socialista não apenas porque protesto contra o regime atual da sociedade, mas porque afirmo um novo regime, que deve resultar, como tudo o que se produz na sociedade, da negação de uma realidade passada ao estado de utopia. Sou socialista, isto é, simultaneamente reformador e inovador, demolidor e arquiteto; pois, na sociedade, esses termos, conquanto opostos, são sinônimos.” (Artigo “Lê socialisme jugé par M. Proudhon”, em La Voix du Peuple, 14 de maio de 1849).
Em 7 de dezembro do mesmo ano, no mesmo jornal, escrevia num artigo intitulado “A Pierre Leroux”:
“Sou socialista, enfim. Disse cem vezes que o socialismo, enquanto ele se limita à crítica da economia atual, e que propõem à crítica suas hipóteses, é uma protestação; mas quando formula idéias práticas e positivas, é a mesma coisa que a ciência social. Protesto contra a sociedade atual, e procuro a ciência; por essa dupla razão, sou socialista”.
Mas ele não se contenta em procurar. Traz orientações preciosas, diretrizes nas quais as massas podem inspirar-se, pedindo ao mesmo tempo a estas últimas para procurar, elas também, e encontrar.
No quarto artigo da série intitulada “A propôs de Louis Blanc”, e publicado em 8 de janeiro de 1950, em La Voix du Peuple, ia ainda mais longe:
‘O que faremos no dia seguinte à Revolução?’
é preciso saber utilizar a vitória.
Que o povo, portanto, interrogue-se e responda. Pois se, no dia da Revolução, ele não tiver a solução pronta, após um tempo de interrupção na orgia demagógica, ele retornará por séculos à monarquia e ao capitalismo, ao governo do homem pelo homem, à exploração do homem pelo homem”
segue...
notas:
(1) – O que prova o quanto é falso apresentar Proudhon como o defensor do artesanato, pequeno-burgês limitado a essa única questão ou a esse único aspecto dos problemas que compunha o que chamamos de problema social.
fonte:
Este texto foi retirado do Livro “Autogestão e Anarquismo”, escrito por Gaston Leval (Concepções construtivas do Socialismo Libertário), Ed. Imaginário.
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