Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

.....................

domingo, 30 de janeiro de 2011

Proudhon [1]

por Gaston Leval

Começaremos por Proudhon, o “pai da anarquia”, como dizia Kropotkin num célebre processo. Aqueles que o leram, realmente leram, sabem que a “solução do problema social” foi uma de suas maiores preocupações.

Isso provocou nele dois tipos de escritos, fragmentários ou não. Nos primeiros, Proudhon exortava os trabalhadores e os outros socialistas a se preocupar seriamente com o como da revolução. Nos segundos, esforçava-se para deitar as bases da reconstrução, e preconizava as medidas práticas a tomar em pleno período revolucionário, se a revolução acontecesse.(1)

Antes de tudo, Proudhon afirma várias vezes que seu socialismo é construtivo. Seu lema freqüentemente repetido é:

Destruam et aedificabo! Ele proclama:

“Sim, sou socialista, mas socialista com premeditação e consciência, socialista não apenas porque protesto contra o regime atual da sociedade, mas porque afirmo um novo regime, que deve resultar, como tudo o que se produz na sociedade, da negação de uma realidade passada ao estado de utopia. Sou socialista, isto é, simultaneamente reformador e inovador, demolidor e arquiteto; pois, na sociedade, esses termos, conquanto opostos, são sinônimos.” (Artigo “Lê socialisme jugé par M. Proudhon”, em La Voix du Peuple, 14 de maio de 1849).

Em 7 de dezembro do mesmo ano, no mesmo jornal, escrevia num artigo intitulado “A Pierre Leroux”:

“Sou socialista, enfim. Disse cem vezes que o socialismo, enquanto ele se limita à crítica da economia atual, e que propõem à crítica suas hipóteses, é uma protestação; mas quando formula idéias práticas e positivas, é a mesma coisa que a ciência social. Protesto contra a sociedade atual, e procuro a ciência; por essa dupla razão, sou socialista”.

Mas ele não se contenta em procurar. Traz orientações preciosas, diretrizes nas quais as massas podem inspirar-se, pedindo ao mesmo tempo a estas últimas para procurar, elas também, e encontrar.

No quarto artigo da série intitulada “A propôs de Louis Blanc”, e publicado em 8 de janeiro de 1950, em La Voix du Peuple, ia ainda mais longe:

“Desde que eu me interesso pela coisa pública, muitas vezes ouvi os patriotas fazerem-se essa pergunta escabrosa:

‘O que faremos no dia seguinte à Revolução?’

Mas devo dizer igualmente que nunca ouvi sequer um deles responder essa pergunta. Aconselhar-se-ia, dizia-se, com as circunstâncias; e a pergunta era lançada ao ar sem que se pensasse mais nela. Foi assim que o fruto de todas as nossas revoluções foi constantemente perdido pelo povo.

[...] Em revolução, aquele que sabe o que quer e o que faz, está seguro de comandar os outros: tal é a lógica dos fatos, e a política das massas.

[...] O escrutínio de 1852, suponho que o povo aguarde até 1852, será, não duvidem disso, o sinal de uma nova revolução

O que faremos no dia seguinte a essa revolução?

Tal é a pergunta que o povo deve fazer a si mesmo, deve estudar sem descanso, e resolver num breve prazo.

Votar não é tudo, manifestar-se não é nada, é pouco tomar à baioneta o Hotel de Ville (Sede da Prefeitura) e as Tulherias:

é preciso saber utilizar a vitória.

Que o povo, portanto, interrogue-se e responda. Pois se, no dia da Revolução, ele não tiver a solução pronta, após um tempo de interrupção na orgia demagógica, ele retornará por séculos à monarquia e ao capitalismo, ao governo do homem pelo homem, à exploração do homem pelo homem”

segue...

notas:

(1) – O que prova o quanto é falso apresentar Proudhon como o defensor do artesanato, pequeno-burgês limitado a essa única questão ou a esse único aspecto dos problemas que compunha o que chamamos de problema social.

fonte:

Este texto foi retirado do Livro Autogestão e Anarquismo”, escrito por Gaston Leval (Concepções construtivas do Socialismo Libertário), Ed. Imaginário.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

sua opinião é sempre bem vinda...