SEGUNDA-FEIRA, NOVEMBRO 21, 2005
FILOSOFIA DA MISÉRIA, MISÉRIA DA FILOSOFIA.
“Recebi o libelo do sr. Marx, em resposta à Filosofia da Miséria:
é um composto de grosserias, falsificações, plágios...”
Pierre-Joseph ProudhonCarta de 19 de setembro de 1847 ao sr. Guillaumin
Sem pretender retomar a já longa história das relações complexas entre Proudhon e Marx, queria centrar a nossa atenção sobre a polêmica que se desenrolou em 1846-1847, e que deu lugar ao livro de Marx Miséria da Filosofia, respondendo à obra de Proudhon:
Relembremos rapidamente as circunstâncias e algumas datas.
Proudhon era nove anos mais velho que Marx e, desde 1840, tinha adquirido um grande prestígio no debate político e no movimento de crítica social enquanto que Marx era ainda, nesta época, estudante, depois jornalista de inspiração liberal.
Deste modo, logo que Marx chega a Paris em novembrode 1844, encontra em Proudhon um líder socialista reconhecido, e as numerosas noitadas que passa com ele são contemporâneas da sua rápida evolução ao encontro das posições socialistas e comunistas.
A troca de cartas entre eles, em maio de 1846, situa-se neste diálogo:
Marx propõe a Proudhon estabelecer uma correspondência confidencial entre líderes intelectuais; Proudhon responde exprimindo as suas reservas a respeito de um tal projeto e anuncia a Marx que prepara uma grande obra crítica:
será o Sistema das Contradições Econômicas, que será publicado em outubro de 1846.
A partir da recepção deste livro, Marx empreende a refutação polêmica sob o título irônico de Miséria da Filosofia, que será publicado em julho de 1847.
Todos estes fatos são bem conhecidos, e podemos encontrar uma boa exposição no livro de Pierre Haubtmann:
Proudhon, Marx et la pensée allemande.
Do mesmo modo são bem conhecidos os poucos textos de Proudhon que dizem respeito às suas relações com Marx e as páginas bastante numerosas de Marx sobre Proudhon, que vão desde os juízos de admiração dos anos de 1842 até aos textos constantemente críticos após 1847.
Não irei retomar a totalidade deste grande dossiê que é rico em múltiplas implicações pessoais, sociais, científicas, políticas. Queria apenas reter o momento desta ruptura, e retomar a leitura paralela destes dois textos:
Sistema da Contradições Econômicas e Miséria da Filosofia para tentar compreender melhor algumas dimensões essenciais deste diálogo entre Proudhon e Marx, e a sua interrupção.
Estamos perante dois textos, ou melhor, três.
Com efeito, possuímos as anotações feitas por Proudhonà margem do seu exemplar da obra de Marx. E estas reações, apesar de rápidas e pouco desenvolvidas, são extremamente ricas de ensinamentos.
E quereria dar a estas respostas de Proudhon mais importância do que habitualmente se faz. Estas respostas prolongam, com efeito, a discussão, e estamos desta maneira em presença de três textos de inspiração e de status diferentes:
o Sistema da Contradições Econômicas, em que Proudhon tem a iniciativa teórica, em seguida Miséria da Filosofia, no qual Marx se cola ao texto de Proudhon para criticá-lo, e também um terceiro texto, estas notas marginais nas quais Proudhon faz a crítica da crítica, e persegue, por assim dizer, o diálogo, em resposta às invectivas...
segue...
FILOSOFIA DA MISÉRIA, MISÉRIA DA FILOSOFIA.
“Recebi o libelo do sr. Marx, em resposta à Filosofia da Miséria:
é um composto de grosserias, falsificações, plágios...”
Pierre-Joseph Proudhon
Carta de 19 de setembro de 1847 ao sr. Guillaumin
Sem pretender retomar a já longa história das relações complexas entre Proudhon e Marx, queria centrar a nossa atenção sobre a polêmica que se desenrolou em 1846-1847, e que deu lugar ao livro de Marx Miséria da Filosofia, respondendo à obra de Proudhon:
Relembremos rapidamente as circunstâncias e algumas datas.
Proudhon era nove anos mais velho que Marx e, desde 1840, tinha adquirido um grande prestígio no debate político e no movimento de crítica social enquanto que Marx era ainda, nesta época, estudante, depois jornalista de inspiração liberal.
Deste modo, logo que Marx chega a Paris em novembrode 1844, encontra em Proudhon um líder socialista reconhecido, e as numerosas noitadas que passa com ele são contemporâneas da sua rápida evolução ao encontro das posições socialistas e comunistas.
A troca de cartas entre eles, em maio de 1846, situa-se neste diálogo:
Marx propõe a Proudhon estabelecer uma correspondência confidencial entre líderes intelectuais; Proudhon responde exprimindo as suas reservas a respeito de um tal projeto e anuncia a Marx que prepara uma grande obra crítica:
será o Sistema das Contradições Econômicas, que será publicado em outubro de 1846.
A partir da recepção deste livro, Marx empreende a refutação polêmica sob o título irônico de Miséria da Filosofia, que será publicado em julho de 1847.
Todos estes fatos são bem conhecidos, e podemos encontrar uma boa exposição no livro de Pierre Haubtmann:
Proudhon, Marx et la pensée allemande.
Do mesmo modo são bem conhecidos os poucos textos de Proudhon que dizem respeito às suas relações com Marx e as páginas bastante numerosas de Marx sobre Proudhon, que vão desde os juízos de admiração dos anos de 1842 até aos textos constantemente críticos após 1847.
Não irei retomar a totalidade deste grande dossiê que é rico em múltiplas implicações pessoais, sociais, científicas, políticas. Queria apenas reter o momento desta ruptura, e retomar a leitura paralela destes dois textos:
Sistema da Contradições Econômicas e Miséria da Filosofia para tentar compreender melhor algumas dimensões essenciais deste diálogo entre Proudhon e Marx, e a sua interrupção.
Estamos perante dois textos, ou melhor, três.
Com efeito, possuímos as anotações feitas por Proudhonà margem do seu exemplar da obra de Marx. E estas reações, apesar de rápidas e pouco desenvolvidas, são extremamente ricas de ensinamentos.
E quereria dar a estas respostas de Proudhon mais importância do que habitualmente se faz. Estas respostas prolongam, com efeito, a discussão, e estamos desta maneira em presença de três textos de inspiração e de status diferentes:
o Sistema da Contradições Econômicas, em que Proudhon tem a iniciativa teórica, em seguida Miséria da Filosofia, no qual Marx se cola ao texto de Proudhon para criticá-lo, e também um terceiro texto, estas notas marginais nas quais Proudhon faz a crítica da crítica, e persegue, por assim dizer, o diálogo, em resposta às invectivas...
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