
A economia mutualista
Com a idéia mutualista -- realizar associações operária baseadas na maturidade dos serviços -- encontramos, uma vez mais, um tema proudhoniano que se tornou, pelos tempos, uma realidade extraordinariamente atual.
Proudhon deseja, com efeito reconstituir a propriedade segundo o princípio da mútua, relativizá-la por meio do jogo das relações mútuas, em suma, fazer dela uma posse mutualista [consultar a respeito Actualité de Proudhon (Universidade de Bruxelas, 1965), em particular o artigo de Jean Bacal.].
Não é isso precisamente o que nossa época realizou? A multiplicação contemporânea das organizações mutualista e cooperativas confirmou a justeza das análises proudhonianos.
Tomemos, por exemplo, o caso das vendas a varejo. Proudhon preconizava - como bem assinalou Jean Bacal - uma especie de sistema Leclerc [rede de supermercados franceses de preços populares] cooperativo, com um conjunto de lojas efetuando vendas a baixo preço. Essa idéia de Proudhon prosperou em nossa sociedade.
Mas o mutualismo, não se organizou apenas nesse domínio. prosperou também, para dar outro exemplo, no sistema bancário. Proudhon havia dado uma atenção muito especial ao problema das taxas de juros, obstáculo que pesava sobre o trabalho.
Também, nesse campo, ele preconizava uma organização cooperativa e mutualista, conforme às relações mútuas, relativizando a propriedade do dinheiro. na idéia de empréstimos a juros reduzidos encarnou-se também na realidade, auxiliada pela noção de caução mútua, outro limite ao poder absoluto do dinheiro.
Assim, nossa sociedade aprendeu a se organizar e a se autogerir, segundo as regras da economia mutualista proudhoniana. Esses temas foram bem destacados por Jean Bacal:
"O que Proudhon entende por 'autonomia da sociedade' é o poder latente e a possibilidade real que a sociedade possui de se organizar e de se governar segundo suas próprias leis sociológicas - e isso sem que nenhum aparelho produtivo ou político, exterior a ela, a domine pelo arbitrário da preponderância de um capital..." (Jean Bacal: Proudhon, Pluralisme et Autogestion p. 18, Aubier).
segue...
in: o socialismo utópico, de jacqueline russ, editora martins fontes/ universidade hoje, 1991.
págs.: 225 ~ 232,
contra-capa: O tema essencial deste livro é o surgimento e o desenvolvimento do socialismo utópico do século XIX na França. No entanto, o socialismo utópico francês dificilmente poderia ser compreendido isoladamente dos seus irmãos ingleses e alemães e sem a crítica da economia política feita pelos ricardianos igualitários que o autor analisa detalhadamente.
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