Em A guerra e a paz, livro de 1861, Pierre-Joseph Proudhon defendeu o princípio de que a guerra era a energia fundamental na vida dos homens e das sociedades.
Pela guerra, o direito da força instituiria todos os demais direitos, os governos se fixariam e também, as resistências a eles se levantariam.
A guerra não se limitaria às batalhas entre exércitos, mas, ao contrário, seria cotidiana, fazendo da política uma pequena guerra.
Com isso, Proudhon afrontava a tradição da filosofia política que teria se esforçado, segundo ele, em fazer crer que a guerra fora superada com o contrato social.
Um século depois, a analítica do poder de Michel Foucault estudou as relações de poder pela perspectiva do agonismo (do combate), o que fazia da política uma guerra continuada por outros meios.
Em tempos nos quais as relações de poder se redimensionam em termos globais, os escritos de Proudhon e Foucault têm a potência de impulsionar uma analítica das relações internacionais liberada dos referenciais jurídico-políticos, comprometidos com a lógica e a defesa do poder político centralizado, experimentando uma perspectiva libertária interessada nas correlações de força e nas resistências transterritoriais da sociedade de controle.
In:
revista verve nº. 16, 2009
"A anarquia é a ordem."
ResponderExcluir