Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

WEDNESDAY, APRIL 04, 2007

Francisco Trindade

Não vamos proceder a uma análise completa da doutrina proudhoniana. Este trabalho é bem mais limitado. Tentaremos simplesmente mostrar em que medida Proudhon é o pai do anarquismo. Antes de tudo, parece-nos ser necessário o quanto este pensador é variado, gradual, contraditório mesmo.

“Há poucas teses que possamos, procurando bem, apoiar um dos seus aforismos”, verifica C. Bouglé. E o facto é que os mais diversos agrupamentos fizeram apelo ao seu patrono.

Independentemente dos anarquistas, certos monárquicos, sindicalistas, puderam reclamar-se - com ou sem razão - de Proudhon, e dos seus escritos, a sua própria pessoa foi diversamente e contraditoriamente interpretada.

A sua pessoa?

Mas não há dois comentadores que estejam de acordo! Para Marx ele é alternadamente “proletário, operário” e “pequeno-burguês”, para Cuvilier é indiscutivelmente um rural.

Maxime Leroy vê nele um proletário reforçado de um burguês ou dum artesão. Edouard Dolléans pensa que ele foi camponês e operário” e Bouglé estende-se elegantemente declarando que ele é povo.

Quanto aos seus escritos e às suas teorias, tornou-se um lugar comum sublinhar as contradições. Limitar-nos-emos a dar alguns exemplos.

Materialista ou idealista?

O que foi Proudhon?

Após ter declarado que “a associação, a moral, as relações econômicas” devem ser estudadas “objetivamente nas coisas” pretendeu “escapar às reprimendas de materialista” afirmando que “os fatos não são inteiramente matéria (...) mas manifestações visíveis de idéias invisíveis”.

Num outro domínio, tornou-se clássico mostrar que aquele que criou um dia “A propriedade é um roubo” ou ainda:

“A propriedade é o direito de fruir e de dispor à sua vontade do bem do próximo” foi igualmente aquilo que defendeu, com sinceridade aliás,, esta mesma propriedade na qual via um contrapeso ao despotismo poder do Estado, uma garantia da liberdade individual.

Poderíamos continuar. Em matéria de religião, o estado de alma de Proudhon não era um enigma pois o mesmo homem que declarava:

“Deus é o mal”, estimava igualmente que a mulher que reza é sublime e fazia elevar cristianamente as suas filhas...

O pensamento proudhoniano é portanto variável, complexo, não dizemos forçosamente contraditório - a posição tomada por Proudhon em relação à propriedade por exemplo é perfeitamente lógica - e, em que concerne o seu carácter “anarquista”, é possível notar uma certa evolução. Os anos de 1850-1855 marcam o ponto extremo do anarquismo de Proudhon.

Como conseqüência sob a dupla influência dos acontecimentos exteriores - guerra da Crimeia e de Itália - e do impasse ao qual ele se opôs na construção do seu socialismo de permutas - desaire [desonra] do Banco do povo e do projeto de exposição perpétua - Proudhon, insistindo precedentemente sobre o carácter econômico da revolução indispensável, mostra-se entretanto menos absoluto na sua negação do Estado e dá mais importância ao problema político.

Feita esta reserva, parece-nos justo considerar a obra proudhoniana, pela sua natureza, como pela influência que irá exercer, como a primeira expressão da doutrina anarquista.

segue...

fonte:

http://franciscotrindade.blogspot.com/2005/11/proudhon-como-pai-do-anarquismo.html

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