Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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sábado, 14 de agosto de 2010

"... Se a ordem federativa não servir senão para proteger a anarquia capitalista e mercantil; se, devido a essa falsa anarquia, a Sociedade se encontrar dividida em duas classes, uma de proprietários-capitalistas-empreiteiros, a outra de proletários assalariados; uma de ricos, a outra de pobres; o edifício político será sempre instável." (PROUDHON, 2001, p.127)

Proudhon acredita no fim das Federações particulares, isto é, as Federações de interesses específicos. Com isso, estas Federações se agregariam em nítida oposição ao feudalismo financeiro, reinante no mundo através de uma organização que ele convencionou chamar de Federação Agrícola-Industrial.

A Federação Agrícola-Industrial, proposta pelo autor, tende a aproximar a igualdade através da organização, procurando os preços mais baixos e em outras mãos que não as do Estado. Esta Federação visa uma economia política bem pensada com uma sociedade mais produtiva, mais rica e mais segura.

Nela o trabalho é mais dividido, a concorrência mais justa e regrada, a propriedade é mais igual. Nesta nova sociedade, a política faz o governo mais livre e mais moral. Nele os poderes estão mais divididos.

O Estado Federal exige uma administração mais descentralizada e respeitosa. A autoridade central está a serviço das Províncias e dos Municípios. Assim, o sistema Federativo liberal [melhor seria chamar esse sistema de federalismo prodhoniano, que é em essência auto-gestionário, libertário e/ou anarquico] ampara-se em três grandes princípios:

1.- independência administrativa das localidades reunidas;

2.- separação dos poderes nos Estados Soberanos; e

3.- a Federação Agrícola-Industrial.

Eis a profecia proudhoniana:

"Em uma república constituída por tais fundamentos, pode-se dizer que a liberdade é elevada à potência três, a autoridade reduzida à raiz cúbica.

A primeira, com efeito, cresce com o Estado, por outros termos multiplica-se com as federações; a segunda, subordinada de degrau em degrau, não se encontraria inteira senão na família, onde é temperada pelo duplo amor conjugal e paternal" (PROUDHON, 2001, p.131).

Como um homem de olhar libertário e que fez da sua vida uma luta incessante pela liberdade, Proudhon sonha em acabar com todas as “cracias”, pois elas são gangrenas das nações e espantalhos da liberdade, conforme suas palavras.

Entenda-se por cracias todos os poderes rançosos, caducos e arbitrários, detentores de privilégios e de desrespeito ao povo, ao bem comum.

Ele faz surgir, em seu sistema, o grande Poder, que pertence a sua excelência o POVO, que durante todos os tempos foi subjugado, inclusive no seu tempo, e que por tal razão se fez a obra em análise.

O velho filósofo jamais deixa de reverenciar o tempo e acredita que a busca da liberdade é tarefa das mais árduas.

O conhecimento é doloroso e fruto de experiência, talvez por isso, antes de alcançar a tão sonhada liberdade dos contos, fora reservado para a espécie humana longos, terríveis, mas necessários, anos de escravidão.

O que fica é a velha querela pelo PODER, este ente abstrato, mais concreto que qualquer coisa, atrás do qual todos correm desesperadamente, por mais que se negue.

Esta velha questão de disputa entre os grupos, as facções, as correntes impulsionada pelo mecanismo ideológico em confronto ao utópico, produzindo sempre, ao cabo, o germe da sua própria destruição.

A liberdade proposta por Proudhon é a liberdade possível no princípio Federativo de governo. Uma liberdade vigiada, mas uma liberdade que prioriza o humano, o pequeno, e busca uma identidade no todo, no grupo, no maior.

Embora individualista, o Sr. Proudhon não se olvida do coletivo, ele faz olhos atentos para não permitir o domínio e a sublevação.

Quer a independência dos seres e a vitória de todos, através da construção de um outro mundo, mais justo, mais pleno, mais solidário, organizado em prol do bem comum e pronto para a vida e a Paz.

fonte:

http://www.ufsm.br/mila/publicacoes/reppilla/edicao01-2004/2004%20artigo%205.pdf

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