Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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quinta-feira, 1 de julho de 2010


As relações de Marx com proudhon possuem um episódio revelador. Os irmãos Bauer criticaram Proudhon. Marx, em A sagrada Família (1844), fez sua defesa. Em 1846, Proudhon publicou Sistema das Contradições Econômicas ou Filosofia da Miséria. Neste ano, as relações entre os dois estava desgastadas. Em 1847, Marx escreveu Miséria da Filosofia criticando Proudhon.

Essa posição prevaleceu no pensamento marxista:

o pequeno-burguês de Miséria da Filosofia em contraste com o representante do “socialismo científico” na França de A Sagrada Família. Sobre o motivo dessa mudança brusca, as relações emtre Marx e Proudhon durante o exílio do primeiro em Paris, no ano de 1844, e a correspondência entre ambos, no ano seguinte, podem ser esclarecidas (MARX; EMGELS, 1987; MARX, 2004; PROUDHON, 2003).

Sobretudo a divergência quanto à concepção de sociedade e de socialismo os separou. Marx defendia o princípio de autoridade. Proudhon afirmava o princípio de liberdade. Marx elaborou um pensamento social absolutista, universalista.

Para ele, o conhecimento da sociedade pressupunha o estudo da intra-estrutura econômica, instância determinante da superestrutura social. Esta é constituída pela dimensão política, jurídica e ideológica. À ciência, caberia o papel de desvelar as relações sociais, significando privilegiar a investigação de sua dimensão econômica, pois para ele, esta é primordial na vida social

Inscrito na abordagem positivista e evolucionista, Marx aproximou-se da questão social com o materialismo histórico, método baseado na dialética de hegel. Em sua perspectiva, as sociedade integravam um mesmo e único processo evolucionário.

Assim, ele explicou as diferenças existentes entre os grupos humanos pela diferença de grau evolutivo. A evolução seria ascendente, linear, fatal e irreversível, de um estágio inferior a outro superior, até a eliminação das classes. O fim da sociedade de classes se daria no comunismo. Fatalismo e teleologia caracterizam sua concepção de sociabilidade humana.

O seu socialismo é jacobino, compondo uma necessária e fatal etapa de trasição entre as fases capitalista e comunista da evolução (MARX, 2004. p. 125-171). Cada fase só seria encerrada, depois de seu desenvolvimento máximo.

Deste ponto, procede a crença de Marx de que, aos revolucionários científicos, caberia o papel de acelerar as relações capitalistas, atuando na esfera da política e das leis; procede daí também a idéia de que, nos países de capitalismo avançado, aconteceriam as reloluções. O socialismo é a ditadura dos operários para a extinção das classes, fim do Estado e início do comunismo.

Se marx esboçou em seus estudos uma perspectiva universalista,

Proudhon foi em direção oposta, dispondo-se a combater o absoluto. Seu método dialético serial constitui um indício de seu esforço para escapar de posicionamentos universalistas. A sociabilidade humana potencializada a alteridade [qualidade do que pertence ao outro], através da instauração da variedade em suas relações.

O absolutismo tem três formas:

na política, domínio do homem sobre o homem com os governos;
na economia, exploração do homem pelo homem, através do capitalismo;
no imaginário, adoração do homem pelo homem, pela religião e pelo dogma científico ou filosófico.

Seu pensamento possui três aspecto negativista – anti-estatismo, anticapitalismo e antideismo – constituídos na recusa do absoluto, e três propositivos – federalismo, mutualismo e ideo-realismo. O método dialético-serial é caracteristico pelo balanceamento das antinomias.

De forma alguma, contempla síntese (BACAL, 1984).

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bibliografia:

BACAL, Jean. Proudhon: pluralismo e autogestão I. Tradução Plínio Augusto Coelho. Brasilia: Novos Tempos, 1984.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Sagrada Família. São Paulo: Moraes, 1987.

MARX, Karl. Miséria da Filosofia. Tradução José Carlos Orsi Morel. São Paulo: Ícone, 2004.

------------. Crítica ao Programa de Gotha. In: ANTUNES, Ricardo (Org.). A dialética do Trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2004.

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• Rogério Humberto Zeferino Nascimento
• Dr. Em Ciências Sociais – PUC-SP.
• Professor da Unidade Acadêmica de Ciências Sociais - CH/UFCG.
• E-mail: rogeriohznascimento@yahoo.com.br

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in:
Revista Ariús, Campina Grande, v. 13, n. 2, p. 241 – 248, jul./ dez. 2007

Os anarquistas e Marx: esquerda e direita, liberdade e autoridade no socialismo, de Rogério Humberto Zeferino Nascimento

Um comentário:

  1. No pensamento marxista e o seu capitalismo de estado está a gênese do Nazi-fascismo.

    "Este pensamento, representado por Marx, o chefe dos comunistas autoritários (capitalistas de estado) da Alemanha, por seu amigo Engels, um homem muito inteligente também, o secretário do Conselho Geral para a Itália e para a Espanha, e por outros membros alemães do Conselho Geral, menos inteligentes, mas não menos intrigantes e não menos fanaticamente devotados a seu ditador-messias, Marx, - este pensamento lhes é inspirado por um sentimento de raça. E o pangermanismo que, aproveitando-se dos triunfos recentes do absolutismo militar da Prússia, é o pensamento omnidevorador e omniabsorvente de Bismarck, o pensamento do Estado pangermânico, submetendo mais ou menos toda a Europa à dominação da raça alemã, que eles acreditam ter sido chamada a regenerar o mundo, - é este pensamento liberticida e mortal para a raça latina e para a raça eslava que se esforça hoje em se apoderar da direção absoluta da Internacional."(...)
    Eu sei que os Rothschild, reacionários que são, que devem ser, apreciam muito os méritos do "comunista" Marx; e que, por sua vez, o "comunista" Marx se sente invencivelmente arrastado, por uma atração instintiva e uma admiração respeitosa, em direção ao gênio financista dos Rothschild. (...)Isto deve parecer estranho. O que pode haver de comum entre o socialismo e o grande Banco? É que o socialismo autoritário, o "comunismo" de Marx quer a possante centralização do Estado, e lá, onde há centralização do Estado, deve haver necessariamente um Banco central do Estado."

    Carta aos internacionais de Bolonha 1871 Mikhail Bakunin

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