Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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terça-feira, 29 de junho de 2010


O governo dos homens pelos homens, diz Foucault (2001b: 980), “supõe uma certa forma de racionalidade, e não uma violência instrumental.” Portanto, é preciso uma análise que coloque em evidência a lógica estratégica do poder; e é uma análise desse tipo que oferece Proudhon.

Em oposição às teorias de Kant, Hegel, Hobbes, Wolf, Vattel e Grotius, a chamada “escola jurídica”, Proudhon (1998: 86) sustentou a existência de um direito da força que, segundo ele e a despeito de todas essas teorias, constitui um fato sancionado na experiência dos povos.

“Direito resultante da superioridade da força, direito que a vitória declara e sanciona, e que, por essa sanção e declaração, torna-se também legítimo em seu exercício, respeitável em seus resultados, constituindo outros direitos, como a liberdade, por exemplo, e a propriedade”.

A experiência histórica sustenta, portanto, precisamente aquilo que o pensamento jurídico nega:

a legitimidade da conquista.

Esse desacordo entre a experiência histórica e a razão filosófica dos juristas, essa oposição flagrante e estranha, a isso Proudhon dedica o primeiro volume de sua obra La Guerre et la Paix, de 1861.

Segundo Proudhon, os primeiros brilhos do conhecimento que projetaram na terra as sombras dos homens vieram com os clarões das batalhas.

Mas ele retoma esse belicismo a partir de um estado de combate perpétuo de forças que atua do indivíduo à economia, introduzindo a virtualidade da guerra na própria ação. Pela ação desenvolvem-se as faculdades, pela ação aumentam-se as energias e alcança-se a plenitude das vocações.

Entretanto, diz Proudhon, “para que exista ação, para que exista exercício físico, intelectual ou moral, é preciso um meio em relação com o sujeito agente, é preciso um não-eu que se coloque diante de seu eu como lugar e matéria de ação, que lhe resiste e contraria. A ação é, portanto, uma luta:

agir é combater” (1998: 63).

Em sua análise, Proudhon caracterizou o desenvolvimento histórico como uma vasta cena na qual “nenhuma fase se produz sem luta, na qual nenhum progresso se efetua sem violência, e na qual a força é, em última análise, o único meio de manifestação da idéia”.

O próprio movimento, diz Proudhon (2000: 141), é “uma resistência vencida, tal como a vida é, para Bichat, o conjunto dos fenômenos que triunfam sobre a morte”.

bibliográfia:

FOUCAULT, Michel. (2001b), Dits et écrits, v. II: 1976-1988. Paris: Gallimard.

PROUDHON, Pierre-Joseph. (1998), La guerre et la paix, tome premier. Antony: éditions Tops/H. Trinquier.

______________________. (2000), De la création de l'ordre dans l'humanité, tome premier. Antony: éditions Tops/H. Trinquier.


fonte:

Anarquismos e Governamentalidade: poder e governo em Proudhon e Foucault, de Nildo Avelino

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