
Voltamos novamente ao vasto continente do pensamento proudhoniano. O interessante a destacar inicialmente nesta escola diz respeito ao fato de nela encontrarmos um esforço em escapar das posições marcadamente individualistas e também das comunistas. O pensamento de Proudhon traz uma busca de considerar, nas análises sociais, a realidade individual como também a social.
Se, de um lado, os individualistas, de uma forma geral e sobretudo os pensadores burgueses, percebiam a existência apenas de indivíduos, os comunistas, de outro, evidenciavam a sociedade em detrimento daqueles. Proudhon, por sua vez, procurou, usando um termo seu, equilibrar as relações indivíduo/sociedade através da elaboração de um pensamento que abarcasse ambas as realidades.
Assim, ao considerar a liberdade individual como fundamental na sociabilidade humana, procurou dar lugar de destaque às relações sociais. Buscando o equilíbrio entre interesses individuais e coletivos, percebia o produtor envolvido em complexas relações com outros produtores, sendo inconcebível percebê-lo isolado.
Assim, as tendências individualistas e coletivistas são importantes. Por outro lado, o Estado, por ser centralizador e absorvente, constitui elemento contrário ao equilíbrio das relações indivíduo/sociedade. Por esta razão Proudhon produz um pensamento notadamente anti-estatista.
Partindo da distinção entre duas modalidades de propriedade Proudhon elabora seu pensamento econômico. À propriedade-domínio opôs a propriedade-posse. A primeira significa, simultaneamente, o direito absoluto sobre os produtos, a possibilidade de acumulação individual, instrumento de exploração do homem pelo homem, entre outros elementos mais.
De forma diferente, a propriedade-posse é por ele entendida apenas como usufruto, isto é, pertence ao trabalhador aquilo que ele conseguir produzir. A posse se apresenta como garantia individual diante da coletividade.
Sua obra “O Que é a Propriedade?”, de 1840, apresenta os fundamentos de sua concepção econômica. A resposta dada, “é o roubo”, foi bastante provocadora, manifestando não só sua capacidade de implodir e arruinar os conceitos estabelecidos, onde propriedade e roubo eram tidos como elementos antagônicos, como também sua recusa do capitalismo, por proporcionar a exploração.
Este roubo foi o que chamou de “mais-valia” e também “erro de conta”, uma vez o trabalhador individual não receber sua parte no trabalho coletivo do qual participou. Em obras seguintes, amplia e aprofunda seu pensamento em relação à economia, denominando “mutualismo” suas propostas de reorganização econômica.
A sociedade deveria ser constituída, ao mesmo tempo, numa infinidade de associações de produtores livres e independentes, em federações de associações e confederações de federações. As federações deveriam comportar associações agro-industriais.
O produtor, neste contexto, seria livre para entrar ou sair da associação e formar outras novas. A única instituição centralizadora seria o “Banco do Povo”.
Esta instituição seria controlada pelos trabalhadores, distribuindo créditos a custos mínimos, administrando a circulação da produção e remunerando o trabalho individual com base no princípio “a cada um conforme sua produção” e através de “cheques-trabalho”.
fonte:
http://rusgalibertaria.blogspot.com/2006/10/anarquia-nas-humanidades-perspectiva.html
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