Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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quinta-feira, 22 de julho de 2010


Proudhon foi o pai da anarquia que bradava a quem quisesse ouvir que “Anarquia é ordem” e que em sua cerimônia de iniciação na franco-maçonaria, quando perguntado o que o homem deve a Deus, gritou “Guerra!”. Pensava num mundo justo, igual, e de recusa as autoridades. Socialismo para ele era a divisão de bens e das mulheres. Por isso, escreveu “A filosofia da miséria”, contra o ideal comunista. Recebeu como resposta de Karl Marx o livro “Miséria da Filosofia”.

Diferente dos Marxistas, Proudhon pensava no coletivo e não no “comum”, a base da maior parte dos movimentos sociais brasileiros, cuja influência encontra-se nos Estados Unidos da América. Poucos movimentos sociais estão buscando o bem coletivo. A maior parte direciona-se ao bem dos iguais e afins e não por uma mudança por completo da sociedade.

Proudhon pensava no coletivo quando propôs uma educação pública sem ser estatal. Algo feita pelos cidadãos para os cidadãos, longe das amarras do Estado. Uma educação coletiva voltado para as necessidades locais. Não uma educação Marxista (comum). A dialética que se sobressai na educação atual é a Marxista. Todo pensamento dialético (movimento que rege o mundo) de Marx é historicista. Ou seja, Marx encontra na história explicação para fatos recorrentes. O começo que pressupõe o fim.

Esse filósofo francês tratava a dialética como fruto de uma síntese, ou seja, partia do simples ao complexo dotado de acasos. Uma história não-linear, mas difusa. Ele via um mundo plural em todos os sentidos da realidade. Tal realidade pluralista se fazia de choques entre elementos contrários que geravam outros elementos numa cadeia infinita que poderia chocar-se não só com o antônimo, mas com os vastos diferentes.

Os atritos entre as Coréias do Norte e Sul é um bom exemplo. Já nos antecedentes da possível guerra já contrapôs os opostos, pois os dois lados possuem suas nações-aliadas.

Não foi só Proudhon, um anarquista franco-maçônico. A lista consta nomes como Bakunin, os irmãos Reclus e Kropotkin. Não há paradoxo nisso. A franco-maçonaria era e é aberta a pessoas de múltiplas ideologias. Segundo o dicionário franco-maçônico, “Anarquia é a paixão pela liberdade posto em teoria”. A maçonaria no Brasil não aceita ateus. Proudhon, mesmo anarquista, por seu empenho contribuiu muito para a loja maçônica.

A maior contribuição de Proudhon para o movimento anarquista foram seus ensaios sobre a propriedade. Ele considerava que as grandes terras são as culpadas da miséria. Em seu livro “O que é a propriedade?” ele dá uma aula de lógica. Se é um livro cientifico ou não, só se pode dizer pondo-o em prática. Porém, ele é lógico.

Uma coisa é teoria, outra é prática, por mais que a primeira tente analisar e prever tudo, sendo essencial para pensar o mundo e propor melhores diretrizes para a humanidade, ela, por vezes, sucumbe frente a novos problemas. A prática para Poudhon vinha na frente da teoria. Trabalho (prática) e educação (teoria) como elementos complementares. Entretanto a prática pode destruir uma teoria.

Seria a cultura pela convivência no trabalho que aliena e também liberta. É o trabalho segundo a sociologia que vai gerar a cultura. Sem trabalho não há cultura, pois ela vem do convívio; a educação se faz para se criar corpos e mentes aptas ao trabalho.

A educação só é necessária se houver trabalho, seja coletivo, como propõe Proudhon, onde todos trabalhariam a favor de todos, ou seja contratual, para gerar a mais-valia essencial ao capitalismo. A educação também serviria para gerar ciência e com ela, progressivamente, a emancipação dos trabalhadores.

Atualmente, há linhas de pensamento que quer fazer de Proudhon um estruturalista, entretanto não há nexo adjetivar um pensador francês do século XVII sob o prisma do século XX e XXI ou de qualquer outra época. Na verdade, suas influências vieram de Rousseau e de Fourier.

O movimento anarquista no Brasil surgiu em 1880, paralelamente a classe operária. Até a revolução soviética de 1917 não havia muitos marxistas no território nacional. Os movimentos trabalhistas faziam-se sob o prisma anarco-sindicalista que perdeu espaço nos centros urbanos, devido aos operários vislumbrados frente às possibilidades trazidas pelo comunismo no leste europeu.

No Brasil e no mundo, a anarquia atualmente sobrevive no periférico. O federalismo, grupos de comunidades unidas pela autogestão, pregado por Proudhon, se faz no campo. Os Zapatistas no México são um exemplo vivo. O comandante Marcos não é líder. É porta voz.

Essa sobrevivência já era pensada por Proudhon que sabia que a revolução não era apenas para os operários e sim para os excluídos do campo e da cidade. Se não há marxismo nisso, Mao Tseng Tug se apropriou, após os estudos de Proudhon, e alguns pressupostos dele. A revolução chinesa foi camponesa acima de tudo.

Contribuíram para esse texto os trabalhos apresentados no Colóquio "200 anos de Proudhon". As obras e autores seguem abaixo.

1.- Angela Maria Souza Martins (Prof.ª Dr.ª UNIRIO)
“Proudhon e a dialética"

2.- Leo Vinícius Maia Liberato (Pós-doutorado USP)
“O mito da classe produtiva em Proudhon”

3.- Milton Lopes (Jornalista CIRA-Brasil, NPMC, GEA-NEC-UFF)
“A contribuição de Proudhon para o Brasil”

4.- Rafael Borges Deminicis (Mestrando UENF)
“Crítica à propriedade pelos movimentos sociais”

5.- Robledo Mendes da Silva (mestrando UNIRIO)
“Proudhon e a franco-maçonaria”

6.- Silvério Augusto Moura Soares Souza (mestre em educação)
“Proudhon e a educação”


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