Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

.....................

sábado, 12 de junho de 2010

Quanto mais interrogo os filósofos contemporâneos [século XIX], mais fico convencido de que todos se dedicaram exclusivamente a determinar o modo da evolução histórica - noutros termos:

o organismo humanitário, o que na civilização pertence ao fatalismo...

As ideias de Hegel não são outra coisa senão a descrição do organismo intelectual que governa o homem e a natureza, do mesmo modo que a sua liberdade não é outra senão a força cega que impele este organismo...

Hegel dedica-se pois a descrever o movinento orgânico do espírito, do qual deduz em seguida o organismo da natureza e o da sociedade:

o que equivale a dizer que ele apresenta a teoria da fatalidade natural e social de acordo com a teoria da fatalidade da idéia...

Aceitemos pois, como teoria da necessidade histórica, todo o sistema de Hegel:

eu pergunto apenas qual é o lugar da liberdade.

Provavelmente, ele reserva-o para o pormenor, para aquela parte acidental que, primeiramente, tinha julgado indigna da sua atenção. Não, não há nenhuma missão atribuída à liberdade, no sistema de Hegel; portanto, nenhum progresso.

Hegel consola-se com esta perda, do mesmo modo que Spinoza. Chama liberdade ao movimento orgânico do espírito, dando ao da natureza o nome de necessidade. No fundo, diz ele, estes dois movimentos são idênticos:

deste modo, acrescenta a filosofia, a mais elevada liberdade, a maior independência do homem consiste em saber-se determinado pela idéia absoluta, ciência ou consciência.

A mais elevada liberdade política consiste, para o cidadão, em saber-se governado pelo poder absoluto:

o que deve pôr à vontade os partidários da ditadura perpétua e do direito divino.

Tudo é... para o alemão, evolução orgânica, fatalidade, morte; no seu sistema, os destinos dos indivíduos (estão) absorvidos pelo organismo coletivo.

Não foi assim, da nossa parte, que concebemos a liberdade. A liberdade, de acordo com a definição revolucionária, é apenas a consciência da necessidade; não é a necessidade do espírito, em desenvolvimento conjunto com a necessidade da natureza:

1.- é uma força de colectividade que abrange, ao mesmo tempo, a natureza e o espírito, e que, como tal, é senhora de negar o espírito, de se opor à natureza, de a submeter, de a destruir e de se destruir a si própria;

2.- que recusa, para si, qualquer organismo;

3.- cria para si, pelo ideal e pela justiça, uma existência divina, cujo movimento é consequentemente superior ao da natureza e ao do espírito; e

4.- incomensuravelmente com um e outro:

o que é totalmente diferente da liberdade hegeliana...


fonte:

Justice, Prog. et Décadence, de Pierre-Joseph Proudhon

in: francisco trindade, O NEGRO E O VERMELHO; TERÇA-FEIRA, DEZEMBRO 22, 2009.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

sua opinião é sempre bem vinda...