
Proudhon e o Anarquismo
Em 1840 Pierre-Joseph Proudhon foi a primeira pessoa que se autodenominou anarquista. O fez através de um diálogo fictício em sua obra "O que é a propriedade? ou uma investigação sobre o princípio do direito e do governo:
O que do consideraro o melhor? "Como você pode perguntar?" um dos meus mais jovens leitores deve responder, "Você é republicano." Republicano, sim, mas essa palavra não tem o significado preciso. Respública, isto é, o bem público. Agora quem desejar o bem público, sob qualquer forma de governo, pode se chamar de republicano. Reis também eram republicanos. "Bem então, vocês são democratas??" Não. "O que, você não pode ser um monarquista!" Não. "Um constitucionalista?" Paraíso proibido! "Então você deve estar para aristocracia."Não exatamente. "Você quer um governo misto??" Muito menos. "Quem é você então?" Eu sou um anarquista.
"Eu entendo, você está satirizando os custos do governo." Nem um pouco. Estou apenas dando a você minha considerada e séria profissão de fé. Embora eu seja um forte defensor da ordem, sou no sentido mais amplo do termo, um anarquista.(1)
Proudhon definiu o anarquismo como a ausência de governante soberano, opondo-se a definição comum de ausência de princípios e leis.(2) Um vez que o setor industrial ocupe as funções políticas, as trocas e as transações comerciais geram por sí só a ordem. Nessas condições, cada homem será seu próprio senhor. Da mesma forma que nossa liberdade industrial, a liberdade política será produto de nossas garantias mútuas, através da garantia da liberdade dos demais, se garantirá a nossa.
Esta nova sociedade deveria basear-se em quatro princípios: igualdade, lei, independência e proporcionalidade.
1. Desde que igualdade significa apenas igualdade de condições, isto é, não igualdade de bem-estar, quando os meios são iguais, a liberdade deve ser responsabiliadde dos trabalhadores e isso não é uma violação da justiça e igualdade.
2. Lei, baseando-se na ciência dos fatos observados e, consequentemente, na necessidade em si, não é de forma alguma prejudicial para a independência.
3. A independência pessoal dos indivíduos ou a autonomia de decisão, que é resultado dos diferentes talentos e habilidades, não constitui um perigo, desde que se mantenham dentro dos limites da lei.
4. Proporcionalmente, uma vez que só é tolerada no reino do pensamento e sentimento, e não em coisas físicas, podem ser observadas sem violar a justiça ou a igualdade social. Eu defenderei essa terceira forma de sociedade, que é uma síntese da comunidade e da propriedate, liberdade.(3)
O estado seria substituído pela associação voluntária, os acordos privados e as empresas privadas.
Nós já explicamos que nós devemos substituir o governo pela organização da sociedade industrial.
Ao invés de leis teríamos contratos. Nenhuma lei seria aprovada, nem pelo voto da maioria ou por consenso. Cada cidadão, cada comuna ou corporação, deveria fazer suas próprias leis.
Ao invés do poder político, teríamos as forças econômicas.
Ao invés das velhas divisões de classe entre cidadões, nobres e plebeus, burgueses e proletários, deveriamos ter categorias e classes baseadas em várias funções: agricultura, indústria, comércio e assim por diante.
Ao invés das forças públicas teremos as forças coletivas.
Ao invés dos exércitos permanentes teríamos as companhias industriais.
Ao invés da força policial, nós teriamos o interesse coletivo.
Ao invés da centralização política nós teríamos a centralização econômica.(4)
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[1] Pierre-Joseph Proudhon, Selected writings of Proudhon (London: Macmillan, 1969), p.88.
[2] Ibid, p.89.
[3] Ibid, p.93.
[4] Ibid, p.99.
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