Pierre-Joseph Proudhon (1809 ~ 1865):

" Que nos falta para realizarmos a obra que nos foi confiada? Uma só coisa: A prática revolucionária!... O que caracteriza a prática revolucionária é que ela já não procede por pormenor e diversidade, ou por transições imperceptíveis, mas por simplificações e por saltos."

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sábado, 15 de maio de 2010

Eu desenvolvi as considerações que fazem a propriedade inteligível, racional, legítima e sem as quais, continua usurpadora e odiosa.

E ainda, mesmo nessas condições, ela se mostra algo egoísta que é sempre desagradável a mim. Minha razão sendo igualitária, anti-governamental, e inimiga da ferocidade e do abuso da força, pode aceitar a dependência da propriedade como um escudo, um lugar de proteção para os fracos: meu coração nunca estará lá.

Quanto a mim, eu não preciso dessa concessão, seja para ganhar meu pão, ou para cumprir meus deveres civis, ou para minha felicidade. Eu não preciso encontrá-la em outros para ajudá-los em sua fraqueza e respeitar seus direitos.

Eu já sinto bastante da energia da consciência, força intelectual suficiente, para sustentar com dignidade todas minhas relações; e se a maioria dos meus concidadãos fosse como eu, porque precisaríamos lidar com tal instituição?

Onde estaria o risco de tirania, ou o risco de ruína na competição e livre troca? Onde estaria o perigo para o fraco, o órfão e o trabalhador? Onde estaria a necessidade de orgulho, ambição e avareza, que só podem se satisfazer através de uma imensa apropriação?

Uma pequena casa alugada, um jardim para usar, já é o bastante para mim: minha profissão não sendo uma de cultivador do solo, do vinhedo, ou dos campos, eu não preciso criar um parque, ou uma vasta herança. E quando eu fosse um trabalhador ou fabricante de vinhos, a posse eslava é suficiente para mim: a cota devida a cada chefe de família em cada comuna.

Eu não consigo agüentar a insolência do homem que, com seus pés no chão o qual ele mantém apenas por livre cessão, lhe proíbe a passagem, lhe preveni de pegar uma flor em seu campo ou de caminhar pela trilha.

Quando eu vejo todas essas cercas por Paris, que bloqueiam a visão do país e o desfrute do solo por parte do pobre pedestre, eu sinto uma irritação violenta. Eu me pergunto se a propriedade que me cerca dessa forma em toda casa não é na verdade expropriação, expulsão da terra. Propriedade Privada!

Às vezes eu vejo essa frase escrita em letras garrafais na entrada de uma passagem aberta, como uma sentinela me impedindo de passar. Eu juro que minha dignidade como um homem se eriça em desgosto.

Oh! Eu me lembro da religião de Cristo, que recomenda desapego, prega modéstia, simplicidade de espírito e de coração. Fora com o velho aristocrata, impiedoso e ambicioso; fora com o barão insolente, o burguês avarento, e o calejado camponês, durus arator.

Esse mundo é odioso a mim. Eu não consigo amá-lo nem olha-lo. Se um dia eu me encontrar um proprietário, que Deus e os homens, especialmente os pobres, me perdoem por isso!

tradução: Rafael Hotz

fonte:

Anônimo...

Proudhon:

"Será que esta teoria, que “la forme emporte le fonds”, se aplica à terra cultivada? Já foi provado que o produtor tem direito ao seu produto, que o colonizador tem direito aos frutos que ele criou.

Está provado também que existe o direito de limitar o consumo, acumular capital, e dispor dele de acordo com sua vontade. Mas a questão da terra não pode ser respondida desta forma; é um fato novo que excede o limite do direito do produtor. O produtor não criou o solo, comum a todos.

Está provado que aquele que preparou, limpou e garantiu o solo possui um direito a remuneração, a uma compensação; será demonstrado que esta compensação deve consistir não numa soma monetária, mas num privilégio de plantar este solo durante certo período de tempo."

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